
Tenho uma ideia para algo de ficção, que provavelmente serviria para algum tipo de novel que eu provavelmente nunca vou escrever, quem sabe um conto ou algo um pouco mais mais curto; certamente não um desses blog posts que eu excreto em 3 parágrafos. Might as well throw it in here. Quem sabe até o final do mês eu não reviva a ideia porque tenho que cumprir a promessa do texto diário. Mas não sei o que fazer com ela no momento.
Tem um conceito interessante que foi introduzido com as Silver Age comics da DC de que os heróis da Golden Age não só viviam numa realidade paralela (Earth Two), mas suas histórias eram contadas em revistas do mundo dos heróis da Earth One. Conceito fascinante, IMO envelheceu muito bem -- as HQs são basicamente uma janela interdimensional, um BBB multiversal. As revistinhas são o pay-per-view que te oferece os snapshots de outros universos. Great shit.
Pensei num setting ficcional que usasse esse conceito: de que toda a nossa ficção é uma janela para uma realidade paralela; só que eu poderia jurar que isso já foi feito elsewhere, embora eu não saiba onde, e francamente não tenha procurado com muita força -- se você souber quem já foi ousado o suficiente para escrever sobre, me avise.
Só que, conquanto a ideia me pareça suficientemente interessante em si, ela também tem um fator passé que eu não consigo explicar, parece terreno batido, um clichê, muito apesar de eu não conhecer histórias assim. Talvez seja uma overdose minha de histórias sobre multiverso, who the fuck knows.
De qualquer forma, o plano não apenas estabelecer que qualquer obra é uma janela multiversal como os quadrinhos dentro das Silver Age comics, mas também estipular que as menções aos personagens ficcionais da obra sejam pesados na representação desse mundo paralelo.
Veja: existe algo fundamentalmente errado, eu diria, com a ideia de que você pula para outro universo e ele é basicamente igual ao nosso, mas tem uns personagens fictícios walking around -- contando obviamente que o cenário seja um quase-espelho do nosso mundo com algumas diferenças minoritárias em termos de tecnologia.
Porque, claro, você pode pular num livro da Agatha Christie hoje, mas a não ser pelo fato de que histórias aconteceram, nada estaria diferente na sua vida. Você ainda estaria no Rio de Janeiro, talvez tivesse que acordar cedo pra pegar o BRT. Possível que o RioCard ainda funcionasse no mundo paralelo.
Não: se você pula num livro da Agatha Christie, todo mundo tem que ser obcecado por Hercule Poirot. Você passeia pela rua e todas as pessoas ao redor parecem estar obcecadas com o bigode do sujeito. Especulam sobre vários assassinatos, de Roger Ackroyd, no Expresso Oriente, sobre uma morte no Nilo.
Como aquele GIF que mostra a Terra de acordo com a força dos campos gravitacionais em cada região, o mindshare dos mundos paralelos deveria ser dominado pelos personagens que são de fato abordados naquele universo dentro dos livros.
Se outras dimensões têm uma cultura inteiramente shaped pela ficção em que esses mundos foram introduzidos, interdimensional travel vale a pena. Da mesma forma, se você cai numa Terra em que as Tartarugas Ninja existem, mesmo que esteja em fucking Duque de Caxias, todas as conversas deverão estranhamente arremeter de volta ao assunto "mutantes em Nova York". Porque se nós lemos sobre algum personagem em algum lugar, é de fato por que aquele era o fato mais importante ever going on in the world, e a cultura daquele planeta reflete esse fator.
Conceito divertido, me parece.
Porque pra estar num universo em que qualquer história ou personagem é irrelevante, é só voltar pro mundo real.
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