14 de novembro de 2018
Achou que eu não conseguiria postar no dia 14, interlocutor imaginário suspeitamente standoffish? Achou errado. Contra tudo e contra todos, jogo mais esta pérola aos porcos
Os poucos infelizes que ainda se aventuram a entrar neste blog, ou caem por aqui por alguma Google malfunction, já que eu caguei pra SEO, certamente ainda não se irritaram com meu snark a respeito do discurso prevalente em social media. Me ocorre, portanto, falar mais uma vez de social media.
Num chute selvagem, violento e um tanto deselegante, eu diria que 90% do discurso político é simplesmente a afirmação de que existem pessoas com uma worldview discordante. Com 15 anos de redes sociais nas costas, a humanidade ainda se surpreende com a variedade da Opinião Humana. E, com essa diversidade assombrosa, aparentemente basta mencionar que existem pessoas que pensam de um jeito para escandalizar a audiência.
Quer dizer -- e agora vou ser nojentamente wishy-washy, but bear with me -- desses 90%, provavelmente uma metadinha deve ser gente reclamando que os jornalistas têm alguma opinião. Choro perpétuo nos extremos da parte horizontal do eixo político, ainda surpreende tanto incautos como veteranos que jornalistas possam ser de esquerda, ou direita, ou mesmo que tenham posições inconsistentes de direita ou esquerda.
Que a esquerda sempre ficou sendo a fucking baby about, there's no question; mas a direita se apropriou da técnica, assim como da maior parte do guidebook da esquerda, a bem da verdade. Oh, não, esse jornalista não coaduna suficientemente das minhas visões lixo, ele abordou a questão a partir de sua própria ideologia, poor me.
Anos atrás, Deirdre McCloskey fazia propaganda de seu livro Bourgeois Virtues em uma palestra qualquer, não lembro direito, mas aí começava a falar que o discurso humano geral é plenamente autorreferencial, we talk about talk. Minha mente juvenil de, até onde eu posso conceber, 5 anos atrás, achou aquilo uma ofensa. Falar sobre fala? Sobre discurso? Sem referência ao real, ao palpável, ao sólido, ao universo que existe lá fora, em sua concretude absoluta? Preposterous. Retrospectivamente, eu era apenas uma criança dominada por devaneios randianos.
Era incrível que alguém formado em comunicação e obrigado a ler Análise do Discurso por anos pudesse ficar tão pessoalmente ultrajado com aquilo, e de fato ela se mostrou certa & presciente. Nada mais importa a não ser a hermenêutica mais basal, mais pobre e subterrânea, a releitura infinita da leitura do jornalista sobre um fato, que provavelmente foi wished into existence pela fala de outra nulidade (o presidente).
Por muitos anos, me recusei a escrever como neste texto, nessas generalidades. Percebam que eu falei de opiniões gerais, não citei ninguém, tentei evocar uma observação subconsciente no leitor. Se você já não havia observado tudo que eu descrevi aqui, todas as linhas deste texto não passam de puro nonsense.
É o que eu chamo de Artifício Social Media, em que se fala de algo que é apenas apreendido perifericamente por um interlocutor imaginário. Sob o Artifício Social Media, todos estão falando sobre o mesmo assunto a todo momento, sem parar, compartilhando do mesmo terreno de batalha necessariamente.
It doesn't stop there: nenhuma das opiniões que flutuam em social media jamais foram held por alguém de carne e osso. As respostas apenas boiam no éter para serem rebatidas. A esquerda acha X e o oposto de X ao mesmo tempo! Gotcha! A direita pensa Y e no entanto executa não-Y on a regular basis!
É um soco no estômago depois do outro em opiniões políticas distintas provavelmente sustentadas por humanos diferentes em diferentes pontos do tempo, mas que foram aglomeradas sob o mesmo guarda-chuva de Opinião do Grupo.
Agora entendo por que escrevem assim. The righteousness high is better than sex.
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