13 de novembro de 2018

Infinite jest



Há quantos anos a internet se tornou infinite scrolling? 10? 15? Se antes eu tinha que batalhar pelos pequenos esguichos de dopamina, clicar links, talvez até parar para pensar no que seria interessante, os sites -- by which I mean os cinco sites da internet que ainda existem e são utilizados -- já foram convertidos em perfectly oiled scrolling machines.

Neste mês, fantasiei que meu cérebro havia deixado de metabolizar, produzir, processar, seja qual for o verbo relativo a, dopamina. O rolamento vertical finalmente perdera o efeito.

Como um bodybuilder incapaz de produzir testosterona depois de anos de ciclagem, eu me tornei incapaz de derivar prazer do simples ato de scroll, o qual havia substituído hábitos mais trabalhosos, como o ofício criativo de escrever, ou consumir long form content. Meu enjoyment foi desconectado inteiramente do bite-sized content redirecionado em social media e havia, até mesmo, infectado o que eu sentia em relação a mídia de forma mais geral.

Viciado, abatido, continuei a procurar um alento nos conteúdos reempacotados do Facebook, Youtube, com suas linguagens homogeneizadas, sem sucesso. Nenhum post standoffish direcionado a ninguém em particular, mas a toda uma massa de leitores anônimos, podia me salvar. Nenhum vídeo com mais de uma palavra capitalizada no título teria efeito.

A complacência matou a internet, e eu tive que parar de scroll e clicar no botão Next.

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