4 de dezembro de 2018
Isekai
Quando a Globo ficou tão obviamente flanderizada?
Em algum momento do passado, parei de assistir TV, porque eu imagino que é o que todo o mundo tenha coletivamente concordado em fazer. Agora, para minha surpesa, em vez de canais sortidos do grupo Trending do Youtube, os aparelhos de televisão da academia passam novelas da Globo enquanto eu estou fazendo meu (muito curto) cardio. Sempre sem som, com closed captions.
Via a novela das 6h, Espelho da Vida. Nela, uma mulher chamou um homem para uma sala e o seduziu. Quando os dois se beijavam, apareceu uma outra mulher, que claramente tinha um relacionamento prévio com o homem que se deixou levar pelos encantos de uma outra. Agora que sua parceira entrava em cena, ela já começava a falar, de acordo com as legendas providas com algum delay: "Foi para isso que você me chamou aqui, Fulano? Seu cafajeste, etc, etc".
Então o cara foi atrás da mulher dizendo: "Não é isso que você está pensando! Calma, Sicrana!"
E a sedutora ficou para trás, admirando sua maquinação bem sucedida, com um sorriso no rosto. Talvez ela tenha esfregado as mãos, mas eu não pude comprovar. Ela estava muito satisfeita.
Nesse interim, a sensação constante é que estamos numa low power simulation, como o Jerry ouvindo Human Music.
É como se a dramaturgia Globo ideal tivesse sido extraída do meu cérebro e transportada para o universo real. Uma caricatura total do que significa uma novela.
Todas as falas sempre montadas com face shots alternados, de forma que a geografia do local onde os personagens se encontram sempre pareça um tanto confusa. Como se Hermes e Renato tivessem sido chamados pra reencenar O Proxeneta perpetuamente na rede líder nacional.
Tem algo de errado. Essa não pode ser aa real Globo.
Estou com medo que todas pessoas no meu mundo tenham sido substituídas por doppelgangers agora. Quem é real? São todos impostores? Isso não pode ser a síndrome de Capgras porque é real.
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