
Sou um maximalista de agência.
Me parece claro que o cérebro humano, por existir no tempo, formata narrativas que tentam coerenciar imagens díspares do self. Essas imagens coalescem e formam um todo mais ou menos rígido, que é o que nós somos. Não o que nós somos em determinado momento, mas o que nós somos em essência. O eu platônico.
Claro que esse é um funcionamento desotimizado da máquina humana, mas frequentemente nós não conseguimos escapar dessas histórias autoimpostas. O que sou eu? O que eu (um eu dettached) faria nesta situação? E então nós seguimos, como mindless drones, para uma conclusão qualquer imposta pelas auto-histórias.
Vocé é mau e por isso faz coisas ruins ou é mau porque faz coisas ruins? A primeira opção é uma escolha conveniente, tira sua agência, sua escolha, seu poder. É uma narrativa autolimitante. A moralidade aplicada ao passado é uma parábola, não uma bússola para a ação; você não vai melhorar só porque sabe que é mau e já agiu mal no passado.
Talvez o problema seja a limitação temporal a que estamos submetidos neste vale de lágrimas. Mas se é impossível escapar de narrativas porque somos indivíduos discretos com histórias particulares, a resposta é abandonar nossos corpos.
Com o upload da mente para o hivemind, podemos viver apenas com uma culpa coletiva, católica, dispersa, que jamais será capaz de nos limitar. Agência total.
Nenhum comentário:
Postar um comentário