2 de dezembro de 2018

Capitalismo como sistema biomimético



Existe algo de fundamentalmente galbraithiano no fato de que a aceitação e a respeitabilidade de alguma atividade vêm com sua produção corporativa, que normalmente escova todo caos que escorre pelo meio. Afinal, as grandes corporações, assim como o grande público, são alérgicos à natureza capitalista de qualquer atividade. Antes de passar na TV, é necessário esconder diligentemente qualquer sinal de dinheiro que não circule pelos canais autorizados. Assim, MMA e jogos de luta, que são essencialmente prizefighting, se tornam campeonatos esterilizados. Morfados em TV programming, sua importância deriva do fato de que aparecem num grande canal -- não porque são atividades que, em si, importam para alguém.

Circula a ideia de que o capitalismo sem freios se manifesta, necessariamente, num sistema parecido com o atual, em que basicamente tudo tem que passar por grandes tubos corporativos para se manter vivo. Mas isso parece muito mais um capitalismo regulado, burocratizado e carimbado, certo?

Grandes corporações, afinal, são grandes forças disciplinadoras do mundo atual, achatando toda a complexidade, escovando todo o sinal de complexidade. Autores de esquerda gostam de comparar o capitalismo a um mecanismo, uma força impessoalizada de processamento de valores; e, no caso da sociedade corporativa, suspeito que estejam certos.

Mas, o capitalismo, quando se manifesta sem freio, é um vetor de complexidade fractal, conectividade crescente. Se manifesta menos como algo parecido como máquina e mais como um tecido orgânico. Se Apple, Google, Amazon e os oligopólios de mídia são tecnomecânicos, o capitalismo total é biomimético.

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