10 de dezembro de 2004

Papai Noel

Turistas que estão em Fernando de Noronha anteciparam o ano novo. Já comemoraram e tudo, oh. E a gente aqui atrasado. Eles não agüentaram esperar. Queriam ter festa, álcool e fogos de artifício mais cedo. Os turistas de Fernando de Noronha inauguraram um novo jeito de encarar o tempo e a efemeridade da vida.

De hoje em diante, sou o senhor do meu tempo, igual aos turistas de Noronha. Quero adiantar o Natal. O Natal é hoje. E amanhã é o Natal do ano que vem. Quero todo mundo me dando presentinhos, lembrancinhas e Chester Perdigão. Oh, e depois de amanhã é o meu aniversário de 2005. E o de 2006 também. Serão dois aniversários no mesmo dia, por isso, exijo que vocês me presenteiem duplamente, amiguinhos.

***

Mamãe me contou muito tarde que Papai Noel não existe. Só quando eu completei 15 anos que ela revelou para mim que era meu pai que dispunha os presentes sob o pinheirinho em todos os Natais. Fiquei arrasado.

Meu pai tem uns 130 anos. Hoje em dia, sustenta uma parasita de 20 e poucos anos em sua casa. Não tenho nada contra. Mas me reservo ao direito de odiá-lo, claro. Deve ser por isso que ele não me telefona.

Pois anteontem atendi uma ligação peculiar aqui em casa. Atendi e ouvi Papai Noel dizendo "Hou, hou, hou, feliz Natal!". Depois entrou uma mulher dizendo que se eu quisesse falar com o bom velhinho, deveria ligar para 3207 20 20. E Papai Noel repetiu a fala anterior. Depois, desligaram. Uma propaganda telefônica. Foi a primeira vez que fui alvo de uma propaganda por telefone.

Estou revoltado com tal ligação. Irado. E até indignado. E tenho motivos para isso. Seguem:

1) Papai Noel, que é meu pai - minha mãe que disse, e ela não mente -, trocou o número do telefone e não me avisou. Nem para que pudéssemos trocar farpas demonstrando raiva mútua. Uma gigantesca falta de consideração.

2) Ele arranjou um trabalho: gravador de risadas natalinas para spam telefônico. Finalmente deve estar ganhando uns trocados. Dessa forma, para mim ainda é uma incógnita o motivo pelo qual ele não me dá nem um dinheirinho.

3) Ele nunca me mostrou sua fábrica de brinquedos, nem seu trenó, nem as renas, muito menos os anões.

Estou a um passo de entrar atirando num cinema, tamanha minha fúria. Mas vou deixar aqui um recado para meu pai:

Pai, estou disposto a um acordo. Eu deixo de ter raiva do senhor e você deixa eu dar um passeio pelo céu em cima de Rudolph, a rena do nariz vermelho.

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