A declaração final da Cúpula da América do Sul e dos Países Árabes (reunião entre países inexpressivos) traz um parágrafo defendendo a soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, de domínio do Reino Unido. Os latino-americanos criticam a inclusão das ilhas como território ultramarino britânico no Tratado Constitucional da União Européia, buscando restabelecer negociações entre a Grã-Bretanha e a Argentina, para, desta forma, encontrar "uma solução justa, pacífica e duradoura" para a querela.
As Malvinas - Falklands, para os britânicos - são dominadas pelo Reino Unido desde 1833. Para a Argentina, as ilhas são palco de uma "disputa de soberania", mas o ponto é que a disputa pela soberania foi em 1982, quando os argentinos tentaram reimpor àquele lugar sua administração e levaram uma surra dos britânicos - em dez semanas. Hoje não há mais disputa pela soberania, todo mundo está feliz, deixem as ilhazinhas lá com o Reino Unido. A tal solução pacífica e duradoura já foi encontrada há muito tempo, e, arrisco-me a dizer, é muito justa: haverá paz duradoura, exceto se a Argentina quiser as Malvinas de volta. Os kelpers, habitantes das ilhas, pensam como eu e preferem a cidadania britânica. A propósito, dói-me o coração ver como pessoas tão lúcidas como os kelpers são ignoradas no debate pela posse das Malvinas. Qualquer um preferiria ser inglês a ser argentino, e os kelpers não são exceção.
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Na minha opinião, todas as ilhas do mundo deveriam ser possessão britânica. É assim que o mundo foi concebido e não cabe a nós, meros produtos da Criação, mudarmos essa situação. Um grande trabalho que venho desenvolvendo é o de transformar o terreno onde meu prédio se situa numa ilha. A primeira coisa que fiz foi cavar um grande buraco em volta dele, e, agora, todos os dias, passo horas e mais horas enchendo o buraco com água da mangueira. Em poucos meses, meu prédio se transformará numa ilha no meio de Recife - pretendo até encher o buraco com piranhas e crocodilos - e humildemente enviarei uma cartinha à Rainha Elizabeth, pedindo a formalização de seu domínio sobre meu prédio. Se ela estranhamente se recusar a assumir a posse da minha ilha (Ilha Erickland, oficialmente), pedirei proteção à Rainha Beatrix da Holanda, que certamente quererá reafirmar o domínio histórico de seu país sobre Pernambuco. Não há dúvidas sobre isso.
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