Aconteceram vários milagres depois do maremoto na Ásia: dois gêmeos de nove anos sobreviveram graças a uma mulher que os carregou nas costas e chegou à terra firme seguindo uma serpente; um bebê de um mês foi encontrado vivo no telhado de uma casa na Indonésia; um menino de cinco anos sobreviveu por dois dias boiando sobre um colchão.
Eu acredito em qualquer asneira que me falam, mas essa serpente não me engana, deve ser armação. Ao contrário do telhado, que é santo mesmo, e do colchão que, claro, é o Deus vivo. Glória ao colchão, aleluia! Muito me admira que ninguém ainda tenha aderido ao colchonismo - do qual sou adepto desde antes do desastre na Ásia.
Na religião do Rodolfo ex-Raimundos, o pastor ministra o culto de bermuda, sandália e camiseta, e o altar é uma prancha de surfe. O colchonismo vai mais longe, permitindo que os fiéis fiquem dormindo, vestidos ou nus, em casa em vez de perder tempo indo a um templo. Eu, por exemplo, quando vi a notícia dos maremotos na TV, calmamente virei para o lado, me cobri e dormi. Foi uma forma de rezar ao colchão e acreditar na sua benevolência.
Ouvi dizer que tem um grupinho de pessoas na Índia tentando criar o telhadismo, dissidência do colchonismo que acredita que o telhado que salvou o bebê é Deus. Uma tolice, lógico. Todo mundo sabe que Deus é o colchão e que o telhado é seu profeta.
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