4 de janeiro de 2005

Cartinha

Papai Noel,

Pensei em escrever isso hoje e dei um tapão na cabeça de tanto descontentamento. Crap!, eu pensei, pois deveria ter escrito isso antes do Natal. O tapão foi tão forte que, então, eu cambaleei da direita para a esquerda. Depois, cambaleei da diagonal superior direita para a diagonal inferior esquerda. Só então caí.

Tive preguiça de levantar, então estou aqui no chão, olhando para o teto e escrevendo numa posição desconfortavelmente ruim - e eu juro que já escrevi numa posição desconfortavelmente boa (que foi quando eu estava sentado desconfortavelmente numa cadeira, escrevendo, mas estava comendo nachos, que são bons).

Oh, sim, não me deixe desvirtuar do assunto, Papai Noel. Eu ia dizer que as pessoas perderam o espírito natalino. Todas dizem que odeiam o Natal - aquele inconveniente todo da propaganda anti-capitalista, você sabe. Dizem que o Natal é uma hipocrisia. Como se isso fosse ruim! Parece até que não gostam de receber presentinhos, de comer aquele galetinho com farofa esperto, de luzinhas piscantes!

Isso é culpa dos comunistas, Papai Noel. Aqueles que querem instalar a ditadura do proletariado. Apesar de eu não saber a quem se refere esse negócio de "proletariado". Quem vai governar o país? O gari ou o pedreiro? Outra coisa que me ocorre é que a maioria dos comunistas não fazem nada - como Marx, que vivia às custas de Engels. Serão eles proletários?

Vou me levantar. Ah, uma posição confortável, finalmente. Numa posição tão confortável desse jeito eu não consigo desfiar nenhum argumento vagabundo. Estou até com medo de enviar essa cartinha. Ficou muito ruim. Mas tudo bem, filme brasileiro é sempre ruim e eles exibem nos cinemas. Por que não mandar essa cartinha, então?

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