13 de novembro de 2004

Quando o mundo conspira contra nós

Dia 24 de outubro passado, fui com minha namorada ao show do Offspring aqui no Recife; e utilizamos o serviço de transporte coletivo, onde fomos obrigados a inalar perfumes de empregada. Daqueles que ficam trinta horas no ar após a moça passar no ambiente. E, creio eu, que os únicos seres imunes aos efeitos alucinógenos desses Avons são as próprias empregadas. No dia, quase que não saio do ônibus, asfixiado.

Descemos no devido ponto e andamos por ambientes assustadores para conseguirmos chegar no Classic Hall. Tivemos que andar ao lado de uma favela até conseguir chegar ao local do evento. Foi relativamente fácil passar por este trecho e alcançamos o local do show. Só havia um porém: tínhamos que atravessar a avenida.

De fato, uma larga avenida. Chutando por baixo, 28 corredores de carros e limite de velocidade de 540 quilômetros por hora. Ou seja, eu e minha namorada teríamos que usar de toda nossa ginga e desenvoltura para passar para o outro lado da rua e assistir ao show. Não imaginamos que seria uma tarefa tão árdua, já que nossa especialidade é atravessar avenidas. Mas nossos superpoderes foram requisitados.

eu taty

Transformamo-nos os dois em super-heróis de quadrinhos e tentamos transpor a insuperável barreira de carros, ônibus, caminhões, motos, bicicletas e ovnis. Em vão - nem mesmo a super velocidade e o Laço da Verdade eram capazes de parar a manada de veículos. Percebemos que nunca conseguiríamos ver o show da banda americana se uma atitude drástica não fosse tomada.

Chamei Taty para andarmos até o ponto de ônibus. Foi quando sentimos aquele odor de perfume de empregada que estava impregnado no ar desde que havíamos descido e ficamos anestesiados. Completamente dormentes. Tentamos atravessar a rua, um carro se chocou conosco e não sentimos nada; levantamos do chão e continuamos andando. No caminho, levamos mais porrada de um caminhão de gasolina e uma Hilux. Não sentimos nada.

Meia hora se passa enquanto estamos no meio da rua e finalmente atravessamos a gigantesca avenida. O efeito de dormência de Avon passou e fomos ver o Offspring, num show onde fomos mais espancados e percebemos que deveríamos carregar esses perfumes pavorosos no bolso.

Questão de proteção pessoal.

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