21 de novembro de 2004

Alleys of Bronx

Tento nunca falar de política aqui no blog. E é por isso que não vou falar.

Contarei a história de Aluísio, adolescente nerd, pobre e preto que morava no Bronx, Nova York, nos anos 70.

Muitas coisas Aluísio fazia por dia, como por exemplo, estudar. E ler bulas de remédio. Ser nerd pobre e preto no Bronx na década de 70 era uma tarefa árdua, mas Aluísio não se entregava; ele era americano e não desistia nunca.

Porém, em certo dia do ano de 1973, Aluísio - que não tinha amigos, por ser nerd - estava ouvindo o programa do Polishop no seu radinho de pilha. Neste programa estavam vendendo aquelas canetas de ponta indestrutível que hoje aparecem na RedeTV. Daquelas que você pode bater a ponta numa mesa de madeira que a caneta furará a mesa e atravessará até o outro lado. Uma caneta potente.

Aluísio pensou nas grandes possibilidades que teria ao comprar uma caneta desse porte. Gastou todas as economias de uma vida no jogo de canetas do Polishop e pensou que nunca mais teria que se preocupar com Jones Batuta, líder de uma gangue de delinqüentes destruidores de canetas. Jamais deixaram Aluísio escrever uma página sem antes quebrar a caneta do pobre nerd.

No mesmo dia, Aluísio foi estrear o jogo de canetas no colégio. Jones Batuta se aproximou e tentou destruir as recentes aquisições do jovem, mas ele reagiu e apontou a maior das canetas da coleção para o atacante. Jones não se intimidou e tentou esbofetear o coitado nerd preto pobre, que atacou a mão de Batuta com a sua caneta-arma e a furou - deixando um buraco horrível que fez Jones desmaiar e acabar com sua gangue, por medo.

Aluísio ficou confiante e começou a furar as mãos de todo mundo com sua poderosa caneta. E depois passou a furar os abdomes das pessoas. Em pouco tempo começou a furar testas.

Começou a ser chamado nos becos do Bronx de Black Kamen Raider. Todos tremiam ao ouvir tal nome e logo perguntavam se era ele o "maldito caneteiro". Kamen Raider não ficava 2 minutos sem uma caneta em cada orelha. As canetas na orelha não o deixavam ser preso, pois ele conservava um bigodinho ridículo, o que fazia a polícia confundir Aluísio com um padeiro com canetas sobre a orelha.

O ex-nerd fundou a gangue dos caneteiros, que aterrorizava o Bronx. Havia diversas patentes nessa gangue. O posto mais baixo só possuia uma Bic; os generais ganhavam uma MontBlanc. Mas somente Black Kamen Raider tinha as canetas Polishop.

Passou-se um ano e a gangue já contava com 10 mil membros. Foi então que Jones Batuta pediu para entrar no grupo. Kamen Raider pensou um pouco e decidiu dar um voto de confiança ao antigo inimigo - que se mostrou um eficiente soldado no grupo e logo tornou-se o braço direito de Black.

Isso até um certo dia em 1975, quando Black Kamen Raider foi tomar banho e deixou suas canetas sagradas sobre uma mesa. Jones Batuta, desejoso de vingança há tempos, posicionou o conjunto de canetas do líder numa cadeira. Quando Kamen Raider saiu do banho, sentou na cadeira e gritou de dor.

A maior caneta havia adentrado sua bunda - atravessando o osso do baço e deixando impossível para Black Kamen Raider sentar pelo resto da vida. Perdeu o respeito e voltou a ser só Aluísio.

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