23 de maio de 2017

O algoritmo é meu blankie



Em nosso país, pessoas vivem com medo de sair nas ruas, de não ter o pão de cada dia, da violência e do abandono, talvez também das opiniões políticas durante um almoço ou jantar familiar, mas o que me aterroriza é entrar no Youtube e não estar logado. Vejo todos os vídeos trending do Brasil, estupefato, tento desviar o olhar, mas é impossível: é como ir observar uma tragédia, um acidente de carro na rua.

Fico paralisado, espasmodicamente tento clicar no botão de login, voltando para o conforto dos vídeos similares que eu assisto, o algoritmo enquanto safe space, mas vejo thumbnails horrendos dos vídeos que a massa vê no Brasil. Títulos necessariamente em maiúsculas, imagens que ainda usam as imagens da "turminha dos memes", como se estivéssemos em 2013. Rafinha Bastos e Danilo Gentili são presença garantida, certamente algo sobre Bolsonaro, muitos vídeos de Minecraft, gols do Fantástico com Tadeu Schmidt, Felipe Neto (sim).

Muito se fala sobre a criação de bolhas, ninguém quer ter suas visões desafiadas e sair do conforto das próprias opiniões, e é verdade, porque eu vi o mundo real por baixo do algoritmo e escolhi o algoritmo. We have met the enemy, and he is them, fuck no it isn't me.

Um comentário:

  1. Me vem uma frase que o Samuel Pessoa falou na sua entrevista no Roda Viva algum tempo atrás "O Brasil casou com a mediocridade" acho que o foco era economia,porem acredito que seja valido quase pra tudo que envolve o coletivo. Não que sejamos únicos porem como subdesenvolvidos essa decisão pesa muito. =(

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