16 de setembro de 2016

Quando o feminismo foi longe demais



Em uma época na qual o que mobiliza os corações mais simplórios redes sociais são disputas entre milk shakes de redes de fast food, é importante que marcas de maquiagem como a Quem disse, Berenice? coloquem o pau na mesa e façam campanhas que fazem as perguntas difíceis.

Pode querer ter filho? Pode. Pode não querer ter filho? Também pode. Foda, feminismo redux, parabéns à consultoria de marketing feminista por ser uma risk taker, trendsetter. Mais marcas deveriam estar nessa vanguarda.

Próximas perguntas da campanha:

  • Mulher pode votar? Pode. Mulher pode não votar? Pode (R$ 3,50 de multa).
  • Mulher pode ter propriedades? Pode. Mulher pode não ter propriedades? Pode muito.
  • Mulher pode se divorciar? Pode. Pode continuar casada? Também pode!
  • Mulher pode sair à noite sem o marido? Pode. E com o marido? Ah, se não pode!

  • É assim que eu gosto da minha publicidade, ativismo e posicionamento sobre questões muito atuais, controvérsias presentes na vida pública.

    Infinitas possibilidades, tudo sempre questionando as barreiras impostas pela sociedade ao feminino enquanto vende maquiagem.

    Considerando sua faceta edgy recém-descoberta, acho até que a Quem disse, Berenice? acharia 100% kosher mandar umas paradas tipo "Mulher trans é mulher? Sim, fodam-se as radfem", "Aborto até 9 meses? Pode, sim" (se mandassem essa última, eu comprava as porcariadas deles pra distribuir na rua).

    Eu quase consigo imaginar o brainstorming dos infelizes da agência de publicidade que fizeram essa merda, anotando as paradas mais mongolóides pra sinalizar o pertencimento da marca aos anos 10.

    Couch activism é coisa do passado, 2016 vai ficar marcado mesmo como a era de ouro do low stakes activism.

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