Me ofendo com as manchetes clickbait atuais: "Você não vai acreditar até onde as revistas de moda retocam suas fotos". Ah, vou sim. Eu acredito muito, sou muito crédulo. Essas manchetes presumem erroneamente que as pessoas de forma geral são uma tropa de céticos ateus prontos para listar falácias em seus argumentos. Não são, a gente acredita em qualquer coisa que você postar na internet. Essa vida de descrença e questionamento não leva a nada, viva com o momento, carpe diem, embrace the random. Além do mais, ninguém lê revista, quem liga pros shoops que estão mandando nas capas?
Por outro lado, gosto quando as manchetes do BuzzFeed já interpretam o conteúdo para mim, porque me poupam o trabalho mental. "Essas resenhas de produtos na Amazon são a coisa mais inacreditável que você vai ler hoje!". Isso é bom, porque a disputa pela coisa mais inacreditável estava muito acirrada, coisa paralisante, eu não sabia decidir se a coisa mais incrível que eu tinha visto hoje era aquele maluco que colocou 23 cachorros quentes na boca ou se foi o caboclo que bateu 668 segundos em Super Hexagon no modo Hyper Hexagonest. Na moral, shit's frakkin insane. O link fechou a questão, nada disso era mais inacreditável que as resenhas aludidas.
Noutra instância o BuzzFeed foi capaz de catar o meu cobiçado clique ao anunciar que "Esta é a melhor transformação corporal transumanista que você verá hoje!"; o que provavelmente é verdade, porque eu posso contar nos dedos das mões os dias que torrei pesquisando nego virando ciborgue motivado ideologicamente pelo movimento transumanista.
Agora saca esta transição de assunto, porque vou falar de transumanismo. Holy shit, this was smooth.
Você provavelmente ora se pergunta qual é o problema com o transumanismo. Vou te dizer qual é o problema com o transumanismo.
Advogam que nós nos tornemos meio robôs para aumentar nossas capacidades físicas etc. Isso é maneiro, porque eu me imagino num corpo metálico fuderosão, six packs eternos sem ter que malhar, meu corpo torneado com aquele reluzir cromado que eu vou fazer questão de ter na minha pele inoxidável.
Por outro lado, acabou a paz de espírito de sair no fds pra tomar aquela Heineken, a gente vai reunir os amigos pra mandar pra beber óleo - porque é isso que robôs tomam, colega. Olha a deprê, partiu bar, vamos beber um Lubrax? Estaremos ainda fortalecendo o estado brasileiro ao consumir Lubrax, o que só prova que o transumanismo é pró-estado, anti-indivíduo.
Seremos capazes, porém, de calcular rapidamente quanto devemos no bar, sem ficar naquela parada de dividir conta e sem saber quanto passar na maquininha do Cielo. Vai rolar uns chips irados no cérebros da galera e o trabalho dos garçons nesse momento periclitante da chegada da conta será trivializado por completo.
Porém, o maior problema de virar robô está no fato de que provavelmente desaprenderemos a amar.
Boa noite.
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