11 de fevereiro de 2011

Acessibilidade

Procurando um emprego no Curriculum.com.br, logo abaixo de "Promotor de Vendas", umas duas posições acima de "Gerente de Qualidade", tinha uma vaga de "Pessoa Portadora de Deficiência". Esse era o nome da posição, não era um emprego normal reservado pra um cadeirante, tratava-se da própria vaga. Alguém vai ser contratado pra ser deficiente.

Deficiente por 8 horas diárias. Durante o almoço o indivíduo pode deixar de ser deficiente, sair da cadeira de rodas, tirar a venda dos olhos, destampar os ouvidos, parar aquela imitação de maneta. Mas às 2h da tarde, ele tem que voltar com toda a força para sua função. O gerente, descansado, talvez exija até mais empenho do funcionário. Ser cego não é o suficiente, um caso mais extremo de autismo talvez seja adequado para a segunda metade do dia. Mas amanhã de manhã, às 8h em ponto, espero que você esteja aqui com aquela doencinha de Down esperta, aquela síndrome de Mowat-Wilson malandra.

Do empregado espera-se versatilidade, não queremos ficar cobrando. Se você vai ser deficiente, seja direito. Antes de nós chegarmos no seu cubículo, esperamos que você já esteja sem controlar o fluxo de baba e que ignore todos os nossos comentários por não possuir a capacidade mental para compreendê-los. Se você está na nossa empresa, você tem que fazer por merecer, nós só contratamos os melhores.

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