6 de fevereiro de 2011

Uma explosão de simbolismo e sabor

Admiro o senso de propósito dos animais que eu vejo na rua. Eu ando por aí, um cachorro me ultrapassa. Eu não tenho nada para fazer, devo ainda decidir se vou na padaria, na academia, na farmácia, no shopping, talvez eu até tenha que trabalhar, mas vou deixar pra amanhã mesmo. A besta, por outro lado, vai resolutamente em determinada direção. O que tem naquela direção? Qual é o assunto tão premente que exige que ela ande com aquela determinação?

Provável que eu esteja confundindo as coisas, minhas dúvidas do que fazer talvez sejam sinal de que eu tenho cérebro realmente mais evoluído. O cachorro só deve estar indo para um lixo mais bacana que descobriu ontem. Pode ser que os cachorros em geral estejam em polvorosa com a descoberta desse lixo. Devem ter formado um carrossel para perseguir um o rabo do outro. Mas, bom, eles sabem o que querem fazer, eu não.

Não quero transformar isso num texto muito profundo, mas sério, queria ter a metade da convicção que os animais que eu vejo na rua têm quando vão pra um lado. Eu tenho dificuldades em manter o equilíbrio na calçada, vem um vira-lata qualquer com passadas fortes e me deixa comendo poeira. Acha que tá Avenida Paulista, né, o executivo.

Mas eu estou só sendo cute. Eu já tive assuntos urgentes pra resolver. Acho até que já aumentei a velocidade das minhas passadas uma ou duas vezes na vida. Me consolo pensando que alguém deve ter me observado nesses momentos cruciais e dito "Tá aí um sujeito que faz". Um cachorro entediado pode até ter me olhado e ter duvidado da minha inteligência: "Mente simplória, não hesita, mergulha de cara na primeira veleidade que vem à cabeça".

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