14 de março de 2011

Mais um post espiritual

O ateísmo obviamente tem um problema de marketing. Na minha opinião, o maior deles é o de que os ateus acham que os não-ateus não conseguem lidar com a dura realidade de um mundo sem Deus. Quem é crente é crente porque é fraco, precisa de uma muleta, necessita de explicações rápidas para fenômenos que não entende, e em geral é uma pessoa supersticiosa e crédula, que cai em qualquer conto do vigário.

Aí complica, né, porque a gloriosa raça superior atéia se acha melhor que a gentalha plebéia teísta e acaba ofendendo os alvos da propaganda. Imagina. Você está lá, chillin', acreditando em Deus, chega um ateu hardcore, Richard Dawkins da vida, falando "Você é um fraco, Deus não passa de um conceito falso no qual você se apoia por ser covarde". E, apesar de eu estar sendo FACETO aqui, eu já vi nego falando isso aí quase literalmente.

Falando por mim, eu não diria "Puxa vida, é verdade, que fraco eu sou, vou passar a ser forte e ateu".

Porque (1) ser fraco nem é escolha, moron, e (2) mesmo que seja uma escolha, talvez ser fraco e covarde tenha lá suas vantagens.

Eu mesmo me acho bastante fraco. Não quero ficar tendo trabalho com esse negócio de crença. A maior parte das crenças requer que eu me esforce pra acreditar em algo não muito óbvio, e pior, querem que eu frequente missas, cultos, giras, afff.

Agora, ser religioso requer uma dedicação e força quase inumanas, precisa cumprir vários rituais, aceitar psicologicamente se submeter a uma força divina muito maior. Né, é difícil.

Quer dizer, o problema dos ateus é que eles querem que ser ateu seja difícil. Mas aí estão alienando o público. Ainda bem que eles são mó fortes, assim aguentam o isolamento social.

2 comentários:

  1. Eu já tentei outro modelo de estratégia, que também é bem comum entre ateus sem muito noção de propaganda: que é tentar convencer das inconsistências da ideia de fé; ou de acreditar em um livro ou em dogmas que foram editados com base em disputados políticas nada divinas; ou acreditar e acatar apenas parte do livro sagrado, sem nenhum critério plausível pra definir o que dali é palavra de Deus ou não (comum em 99% dos cristãos).

    Já tentei com a minha mãe e meu irmão, sem nenhum sucesso. Acho que com minha mãe ela pelo menos ficou menos carola. Ou talvez ela finja isso quando fala comigo sobre coisas de religião, já que continua indo à missa com alguma freqüência.

    Mas não sei por que essa estratégia não cola, me parece tão boa. Eu me convenci depois de pensar em coisas como essas. Aí eu acho que voltamos à publicidade, saber diferenciar públicos e as diversas abordagens mais eficientes com cada um.

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  2. O problema é que você ataca o lado do intelecto sem atacar o emocional. São os dois lados da razão, já diria Aristóteles. Você devia dizer "Sua fé é logicamente inconsistente, also, você ganha jujuba se não acreditar".

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