Há alguns anos, tive dois cachorros muito especiais. Um deles era um cãozinho da raça daschund (também conhecida como salsicha, linguiça ou cachorro desproporcional) chamado Ananias. O outro era uma cadela boxer, que, não obstante ser fêmea, se chamava Antônio Fagundes.
Em certa época de minha vida, quando eu era endinheirado e tinha uma casa de praia, Ananias e Antônio Fagundes ficavam passeando pelo local como quem nada queriam além de sexo; e, Ananias mal podia disfarçar sua atração pelo traseiro empinado e pelo rabinho de cotoco de Antônio Fagundes. Inclusive, acrescento que o salsichinha era bem gordo e, quando eu o chutava e fazia o pobre ficar de barriga para cima, ele não conseguia desvirar.
O daschund flertava a todos os momentos com a cadela, que demonstrava interesse, embora fosse cinco vezes maior que o bichinho. Antônio Fagundes ficava deitada, e o(a) salsicha chegava por trás dela - que não deixava, apesar de hesitar.
Mesmo assim, o sagaz cãozinho não desistia de conquistar sua Antônio Fagundes e bolava vários estratagemas para conseguir fecundar a moça. Certa vez ele tentou chegar por trás da cadela se escondendo por detrás de outro cão. Em outra ocasião, Ananias fez uma armadilha no chão que prendeu o pé de Antônio Fagundes e quase permitiu o relacionamento; o problema foi que a armadilha não impediu a mordida da boxer no pequeno daschund.
Mas no derradeiro esforço de Ananias, ele subiu numa mesa e se jogou em cima de seu amor, e por lá trepou nela e com ela - que se rendeu, pois já morria de vontade. O problema é que nem Antônio Fagundes, muito menos Ananias se preocuparam com algo crucial: o preservativo.
Alguns meses depois, a cachorra se inclinava para, aparentemente, cagar. Mas daquela vez, havia algo diferente: em vez de pelotas marrons, saíam grandes bolinhas pretas. Ananias percebeu que Antônio Fagundes estava tendo um parto e fugiu para caçar sapos. Nunca mais voltou.
Antônio Fagundes foi obrigada a cuidar dos filhotes mutantes e a comer Pedigree Champ para o resto da vida. Fim.
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