2 de maio de 2013

Ruminações sobre o papel social dos nomes humanos


A graça divina em sua infinita sabedoria impediu que eu tivesse filhos até hoje, mas isso não parou meus pensamentos. Pensei bastante em quais nomes eu generosamente daria à minha prole (offspring; spawn).

Nome feminino é mole, nome de menina é o que mais tem, e tem um monte bonito. Só sendo muito alma sebosa pra dar uns nomes tipo Creuza ou Raimunda. Talvez uma taxa para desencorajar fosse adequada e civilizatória. Contemplar sua filha com um Alice ou Beatriz não custa nada.

Mas nome de homem é mais difícil, tem menos disponíveis e acho que a psicologia masculina requer um approach diverso. Não dá para considerar o nome masculino tão só pela sua atratividade.

Acho que o ideal é darmos um nome para os filhos varões completamente inadequado para criança.

Imagina aquele pivete lá, chamado Sebastião, Belardim, Otávio, Aníbal, Adelino, Gaspar. Acho uma excelente ideia porque o moleque vê desde cedo que a vida é dura e respeito se conquista com o suor de nossas testas. É bom pra não ficar de palhaçadinha quando crescer.

Parando pra pensar direito, daí a gente vê quanto poder os pais têm sobre a vida da próxima geração. Parece um tanto injusto que não tenhamos nenhum controle sobre um aspecto tão presente de nossas vidas quanto um nome.

Na real, acho que os bebês, como os Unsullied (acabei de ver no Google que são chamados de "Imaculados" em pt-br, tradução surpreendentemente massa) em Game of Thrones, não devessem ter nomes. Eles podiam ter um placeholder até o guri poder escolher como ele vai querer se chamar.

Com quatro anos, o moleque pode querer se chamar Megazord, mas e daí? Deixa ele se chamar Megazord. Por que mudar de nome tem que ser tão burocrático? Abrir uma igreja demora só um dia, eu vi no Facebook. É por isso que esse país não vai pra frente.

Quando ele quiser, ele deixa de se chamar Megazord. E passa a se chamar Beyblade com 10 anos. Ou sei lá qual é a nova moda da molecada, mas devo estar perto.

Quando o cara estiver à beira da morte, muda o nome pra Aníbal, uma alcunha cronologicamente adequada para alguém que se despede da vida.