É de conhecimento geral que há várias coisas erradas com as corridas de Formula 1, tais como Felipe Massa, mas a pior dessas é o fato de não se poder completar as corridas a pé, como em Road Rash, do Playstation, onde, se nossas motos quebrassem, poderíamos completar o percurso correndo, com o cuidado de não encontrarmos policiais no caminho que nos prendessem sem motivo - talvez por estar correndo, vai saber, esses jogos eletrônicos têm as leis mais estranhas em seus mundos virtuais. Jenson Button, no último Grande Prêmio, parou a poucos metros da linha de chegada e não pôde sair do carro e terminar a corrida a pé, o que considero um completo absurdo, porque, ora, quem precisa completar a corrida é o piloto, não o carro, caso contrário teríamos os números dos carros na tabela de classificação e não os nomes dos pilotos. Atribuo essa proibição ridícula à uma proteção à auto-estima dos pilotos de equipes obscuras com pilotos patéticos, como a Honda, que se sentiriam diminuídos sabendo que chegaram atrás de um cara que completou a prova correndo, que provavelmente ficaria dançando e cantando que chegou primeiro, tal como eu faço para ridicularizar os pernambucanos, as testemunhas-de-Jeová, os anões e outras minorias, com um senso de humor passando do ridículo engraçado para o ridículo dispensável, cuspindo na hospitalidade do estado que me acolheu.
***
Por que, mas por que você não posta com mais freqüência?, é a pergunta do Gentil Leitor Hipotético que vive na minha mente, que por sinal sabiamente não escuta Cansei de Ser Sexy. Gentil Leitor Hipotético, não tenho postado tanto por causa das minhas reuniões com os acionistas. Essas reuniões com os acionistas não têm apenas prejudicado meu desempenho no meu blog, mas também junto a minha família.
Noutro dia, cheguei em casa, cansado após um dia de trabalho árduo na empresa, e minha esposa me perguntou o que eu fazia até tão tarde na rua, ao que respondi, desanimado, "reuniões com acionistas, meu bem, reuniões com os acionistas". Ela perguntou-me então se eu ainda me lembrava de que tinha uma esposa e um filho, e lhe respondi que sim, mas que tudo o que fazia era para o melhor das pessoas que amo, que se no momento eu estava muito ausente era para no futuro dar-lhes o melhor de mim. Minha esposa perguntou-me então se eu ainda lembrava que o aniversário do Pequeno Timmy seria em uma semana, e que, afinal, eu havia prometido que iria ao jogo de baseball dele. Disse que sim, e que essa era minha prioridade. Mas nos dias que antecediam o aniversário de meu petiz, não poderia deixar de trabalhar, naturalmente.
Passou-se a semana e eu cheguei com o presente do aniversário de meu filho nas mãos, exausto, em minha casa escura, às 11h da noite, depois de várias reuniões com os acionistas, sem ter ido ao jogo do Pequeno Timmy. Abri silenciosamente a porta do quarto do Pequeno Timmy e o observei dormir, com lágrimas jazendo nos cantos de seus olhos, abraçado a um porta-retrato onde havia uma foto minha, dele e de minha esposa. Aproximei-me e pus o pacote do presente em sua mesa de cabeceira.
Idêntica situação acontece com meu blog (talvez sem presente e sem esposa, é possível também que não haja jogo de baseball, mas o ponto central permanece).
Nenhum comentário:
Postar um comentário