5 de outubro de 2009

Outro projeto inacabado também inspirado em anime. I see a pattern here

Ano passado eu estava viciado em Death Note e, espertalhão, decidi fazer uma história na qual todos misteriosamente, em vez de morrer, começassem a se apaixonar uns pelos outros. Eu contaria a coisa toda num estilo meio Saramago, mostrando as conseqüências bizarras de tudo aquilo acontecendo.

Mas, como sempre, também fiquei com preguiça de completar o projeto. Por outro lado, escrevi um começo até bem legal, e para que ele não se perca num arquivo .txt aqui nos meus documentos, vou postá-lo aqui e eternizá-lo; talvez a Glória Perez termine a história um dia.

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LOVE NOTE

I

Ser escritor não é das profissões mais atrativas financeiramente, mas se você perguntar a um jovem por que ele quer seguir essa carreira, provavelmente o gajo responderá que o motivo é o poder que ela lhe proporciona. Qual seria esse poder? Nada mais nem menos que o poder da onisciência, obtido quando se tornam narradores de histórias. E como conhecimento é poder, pode-se dizer que, ao menos enquanto põem suas idéias em papel, os autores são os seres mais poderosos de todo o universo, tipo o Freeza.

Eu sou o narrador onisciente desta história, e não fosse pela minha onisciência, que enquanto eu escrevo me permite saber exatamente quais folhas caem das árvores em qualquer parte do mundo, eu não saberia a razão pela qual todos respeitaram a decisão daquele presidente.

Ele foi eleito com algumas promessas bem absurdas, e sua estratégia para ganhar a simpatia dos eleitores era um tanto sórdida; quer dizer, ele aparecia na TV, fazia uma promessa qualquer e soltava o sorriso mais reluzente que as câmeras já captaram, um sorriso tão branco que faria crianças japonesas caírem no chão em ataques epiléticos, com espuma na boca, e que deixava os espectadores assim: @_@

Os eleitores ficavam tão assim @_@ que acabaram comprando a idéia do candidato de que todas as pessoas deveriam passar a se declarar a seus amados. Ninguém mais poderia guardar um amor para si, no fundo do seu coração, mesmo que o considerasse impossível, um delírio, e teria que dizer ao seu objeto de desejo que ele é desejado.

O sorriso brilhante do presidenciável agia de forma estranhíssima, inexplicável até para um ser etéreo e onisciente como eu, e o fato é que ele foi eleito impingindo um landslide sobre o outro candidato, cujo plano de saúde dentário não cobria operações para transformar sorrisos comuns em sorrisos altamente reluzentes.

Eleito, o quase presidente anunciou que a Lei do Amor entraria em vigor assim que ele assumisse o cargo, no 1º de março seguinte, e as pessoas estavam tão @_@ que bastou que ele recebesse a faixa de Excelentíssimo para que a medida entrasse em vigor, respeitada imediatamente por todos, sem exceção, sem necessidade de passar pelo Congresso.

II

O evento que estou prestes a narrar poderia ter acontecido num cinema em que passasse De Volta para o Futuro, assim como num cinema em que passasse Os Caça-Fantasmas, ou até mesmo enquanto estivesse sendo exibido Homem de Ferro, mas não se estivesse em exibição 2001: Uma Odisséia no Espaço, posso jurar a vocês. De qualquer maneira, aconteceu numa sessão de Juno, na cena em que a própria diz ao Paulie Bleeker que ele é tão legal e nem mesmo tenta ser, momentos antes do beijo, porque foi nesse momento que o novo presidente assumiu o cargo e suas promessas entraram automaticamente em vigor.

(LMAO, vocês não vão saber o que aconteceu, só escrevi até aqui.)